QGIS e GRASS na Investigação Biogeográfica na Península Ibérica

Comecei a utilizar os SIG para o meu trabalho em biogeografia à cerca de 10 anos atrás. Através do meu estágio de graduação, no trabalho de doutorado e dois outros trabalhos de investigação, eu usei os pacotes de software proprietário que estavam disponíveis e usados nos meus locais de trabalho - principalmente CartaLinx, Idrisi, ArcView e ArcGIS. Mas eu achei um pouco irritante que estávamos constantemente a lidar com questões de renovação de licença, e que eu não poderia usar o software fora do do local de trabalho, a menos que eu adquiri-se a minha própria licença.

Distribution of Spanish algyroides

Distribuição de Lagartixas Valverde espanhóis (Algyroides marchi) em três escalas espaciais de duas fontes de dados diferentes.

Passou pela minha cabeça em várias ocasiões que a mudança para o software livre poupava-me esses problemas. No entanto, havia preconceito contra as capacidades analíticas do software livre, e mesmo depois do que eu ouvi sobre o potencial do GRASS, eu ainda estava relutante porque eu pensei que seria muito difícil de aprender. Eu também estava com medo, pois poderia ser complicado migrar todos os mapas e análises que eu tinha feito até agora. No início do meu pós-doutoramento, em 2008, eu finalmente dei uma oportunidade e fiz um curso de formação sobre o QGIS e GRASS. Foi provavelmente a melhor decisão da minha vida profissional! Descobri que QGIS forneceu uma interface muito intuitiva para o GRASS, levanto o chapéu pois complementavam perfeitamente, e eles forneceram todas as capacidades analíticas que eu precisava.

Comecei a usar ambos os programas imediatamente após o curso. Não só comecei a fazer todo o meu novo trabalho de SIG com QGIS / GRASS [eg 1,2], mas também fiz análises de acompanhamento nos trabalhos anteriores que eu tinha feito com software proprietário. Por exemplo, eu tinha construído modelos de distribuição da lontra [3] e toupeira-da-água [4] na Península Ibérica. Depois de mudar para QGIS-GRASS, analisei como esses modelos se comportaram quando desci a escala a uma resolução mais fina [5]. Outro trabalho anterior sobre as relações biogeográficas entre lince ibérico e coelho [6] teve um seguimento depois de ter mudado para o QGIS-GRASS [7]. Não tive qualquer problema com a migração dos dados e os resultados anteriores: Também achei muito mais fácil de fazer as coisas que eu queria fazer com o novo software, e fui capaz de fazer análises adicionais que eu não poderia ter feito com os programas que eu usei antes.

Environmental suitability for the Pyrenean desman

Adequação ambiental para o Toupeira-da-água dos Pirinéus (Galemys pyrenaicus), juntamente com a presença, ausência, e pontos aleatórios no norte da Catalunha (Espanha).

Conclusão

No geral, a mudança para o QGIS / GRASS trouxe-me vantagens. Agora posso trabalhar livremente no trabalho, em casa e no meu portátil em movimento, sem ter que me preocupar com licenças de software ou de mudar para novas instituições. O software código aberto cobre toda a minha necessidade de investigação e dá-me a liberdade que eu ansiava.

Referências

  • [1] Barbosa A.M., Fontaneto D., Marini L. & Pautasso M. (2010) Is the human population a large-scale indicator of the species richness of ground beetles? Animal Conservation, early view. doi: 10.1111/j.1469-1795.2010.00363.x.

  • [2] Fontaneto D., Barbosa A.M., Pautasso M. & Segers H. (submitted) The “rotiferologist” effect and the drivers of species richness in rotifers.

  • [3] Barbosa, A.M., R. Real, J. Olivero & J.M. Vargas, 2003. Otter (Lutra lutra) distribution modeling at two resolution scales suited to conservation planning in the Iberian Peninsula. Biological Conservation, 114:377-387.

  • [4] Barbosa A.M., Real R. & Vargas J.M. (2009) Transferability of environmental favourability models in geographic space: the case of the Iberian desman (Galemys pyrenaicus) in Portugal and Spain. Ecological Modelling 220: 747-754. doi: 10.1016/j.ecolmodel.2008.12.004

  • [5] Barbosa A.M., Real R. & Vargas J.M. (2010) Use of coarse-resolution models of species” distributions to guide local conservation inferences. Conservation Biology, early vew. doi: 10.1111/j.1523-1739.2010.01517.x

  • [6] Real R., A. M. Barbosa, A. Rodríguez, F. J. García, J. M. Vargas, L. J. Palomo & M. Delibes, 2008. Conservation biogeography of ecologically-interacting species: the case of the Iberian lynx and the European rabbit. Diversity and Distributions, 15: 390–400. doi: 10.1111/j.1472-4642.2008.00546.x.

  • [7] Barbosa, A.M. & Real, R. (in press) Favourable areas for expansion and reintroduction of Iberian lynx accounting for distribution trends and genetic diversity of the European rabbit. Wildlife Biology in Practice.»

Autor

A. Márcia Barbosa

A Márcia Barbosa

Este artigo foi contribuído em Julho de 2010 pela A. Márcia Barbosa. Ela é uma investigadora de pós-doutorado no Colégio Imperial de Londres (Reino Unido) e Universidade de Évora (Portugal).