A Reserva de Tigres de Nameri (RTN) é uma das três reservas de Assam e está situada na parte norte do Distrito de Assam em Sonipour ao longo do lado Este do sopé dos Himalayas. Espalhado por uma área de 344 km2, a RTN apresenta uma variedade rica em fauna e flora. A área central da reserva que constitui o «Parque Nacional Nameria» é limitado pelo Rio Jia-Bhoerli no oeste e o rio Bor-Dikorai a este. No norte de Nameri fica a Reserva de Tigres Pakke de Arunachal Pradesh.
Dentro da terreno, as principais espécie de conservação são o Tigre Real de Bengala, o Elefante Asiático, o Bisão indiano, Leopardo comum, Leopardo nebuloso, cão selvagem asiático, veado de Sambar, Muntiacus, Axis porcinus, javali, e outras espécies. A diversidade de pássaros na RNT é também muito impressionante e tem mais de 370 espécis de pássaros que foram identificados até agora. A reserva é gerida pelo Departamento Florestal de Assam, Governo de Assam.
A partir do ano de 2011, a Autoridade Nacional da Conservação de Tigres (ANCT) da Índia tornou obrigatório para todas as reservas de tigres do país a monitorização dos tigres usando armadilhas fotográficas. Sob este novo protocolo, 25 pares de câmaras serão instaladas para 100 km quadrados da reserva do tigre no período de amostragem de 40-60 dias. Este novo protocolo de monitorização do tigre dependerá muito do SIG.
Durante 2012-13, nós implementámos este novo protocolo de monitorização de tigres na RNT usando o QGIS. Para começar, delimitámos o limite da RNT com o QGIS e guardámos num polígono. Este polígono de delimitação foi exportado para o GPS para servir de orientação nos levantamentos de campo. Realizámos uma pesquisa extensa com sinal no RTN para encontrar presenças de tigre como por exemplo pegadas, marcas de arranhões e fezes. Foram recolhidos os sinais de Tigre com coordenadas GPS e assim como os locais das armadilhas fotográficas. Após completar o levantamento, os dados foram transferidos para o QGIS usando as ferramentas do GPS para o processamento e finalizar a localização das câmaras. Foi preparada um shapefile contendo os sinais dos tigres e os locais prováveis das armadilhas fotográficas.
Em seguida, preparámos uma grelha de 4 km quadrados usando o módulo mmqgis. Esta shapefile contém os resultados do levantamento dos sinais sobreposta na grelha de 4 km quadrados para visualizar a distribuição da armadilhas fotográficas no RTN. A opção da matriz de distância nas ferramentas de análise do vetor facilitou na determinação da distância entre as câmaras. As localizações das câmaras tinham menos de 1.8km entre elas foram removidas para cumprir o protocolo de monitorização. Devido à falta de câmaras para monitorizar a área inteira da reserva de uma só vez, nós decidimos dividir a reserva em 2 blocos de 100 km quadrados. Os limites desses blocos foram desenhados e guardados em diferentes shapefiles para ambos os blocos. Usando o módulo de composição RGB, foi feito uma composição de falsa cor da reserva e sobrepôs-se a camada vetorial dos levantamentos dos sinais para avaliar os tipos de habitats usados pelo tigre. Durante o período de estudo, as armadilhas fotográficas foram monitorizadas intensivamente pela equipa de campo. Para assegurar um trabalho eficaz do processo de monitorização, nós usámos requisitos para o planeamento logístico. As coordenadas geográficas das armadilhas fotográficas são requeridas para estimar a densidade do tigre e modelar a ocupação das outras espécies. Este detalhe de coordenadas são facilmente geradas na shapefile das armadilhas fotográficas usando a funcionalidade «Exportar/ adicionar colunas de geometria» das ferramentas de geometria de vetor.
Pela primeira vez na história desta pequena reserva de tigres do Nordeste da Índia, foi possível monitorizar os tigres utilizando câmaras ocultas, principalmente por causa do QGIS. Os resultados deste exercício de monitorização indicam a presença de 8 a 15 tigres neste terreno. Em adição aos tigres, também foram documentadas fotograficamente várias espécies elusivas. Além dos tigres, nós também estamos a utilizar o QGIS para atividades, como planear trabalhos de gestão de habitat, rever horários de patrulhamento, e desenhar mapas para os visitantes. A interface fácil de utilizar, rica em funcionalidades, documentação detalhada, apoio on-line e de filosofia livre/código aberto, são algumas das muitas qualidades do QGIS que nos fizeram selecioná-lo sobre outro software proprietário. Nós acreditamos que o QGIS tem um grande potencial para capacitar as pessoas/instituições envolvidas na conservação da vida selvagem ameaçada no mundo em desenvolvimento, oferecendo a tecnologia SIG com pouco ou nenhum custo.